Disfarçado o nervosismo para o público

Durante uma apresentação em público, é normal sentir certo nervosismo e um friozinho na barriga, pois no fim, são esses sentimentos que nos permitem manter uma sintonia com a plateia que mesmo mais tranquila, carrega também algum nervosismo referente às expectativas geradas. Apesar disso, não podemos permitir que em momento algum a plateia perceba. As formas de nervosismo mais perceptíveis à plateia são o tradicional “branco” de que qualquer palestrante tem medo, as mãos que começam a tremer e as referentes à voz, que pode começar a falhar ou ser expressa com uma gagueira que surge de última hora. Como recurso a isso existe algumas técnicas que podem ser utilizadas durante as apresentações, mas com os devidos cuidados para que elas não acabem surtindo efeito contrário ao desejado. Muitos instrutores de oratória e dicção aconselham seus alunos a sempre segurar algo nas mãos durante uma apresentação para ter onde descarregar o nervosismo (técnica chamada de âncora), coisas assim como canetas, livros, pastas com a cola, etc. Testes realizados nessa área comprovam que tais atitudes podem ter efeitos catastróficos com o público visual e o sinestésico, podendo escapar do desastre apenas o auditivo, que nesse caso, talvez nem venha a perceber seu nervosismo a não ser pelo caso da voz. O ideal nesse tipo de ocasião é procurar deixar as mãos livres, pois ao segurar uma pasta, por ser razoavelmente grande, o público, mesmo que a certa distância poderia percebê-la tremendo. Ao segurar qualquer outro tipo de objeto, principalmente se for pequeno como no caso de uma caneta, você poderá estar chamando a atenção das pessoas visuais para ele e distraindo-as em relação a sua voz, ou seja, ao que você está falando. No caso das sinestésicas, poderá acabar despertando nelas o desejo de tirar o objeto de suas mãos, deixando-as angustiadas por não poderem fazer isso e é claro, por consequência, estará desviando também a atenção delas para a mensagem que pretende transmitir de forma falada. A parte auditiva, como comentada anteriormente, talvez nem dê bola para tudo isso.
Em questão ao gaguejar e as falhas da voz, a alternativa é manter controle e o domínio sobre o que está falando, uma vez que se estiver em um palco palestrando, é porque certamente tem o conhecimento e o direito de estar ali se apresentando para aquele público, que por sua vez, acredita em sua capacidade, pois caso contrário não desperdiçaria o tempo em seu benefício. Exercícios de dicção, como técnicas vocais de canto e de teatro, também são excelentes para o controle da voz. Para fugir do tão temido “branco”, a solução é praticar a palestra com muita dedicação e em voz alta antes de apresentá-la a alguém.
Tratando-se das mãos, para quem normalmente não sabe o que fazer com elas ou para aqueles que as tremem, o ideal é procurar movimentá-las criando gestos coerentes com o que está falando – gesticular – de forma que se as pessoas visuais não estiverem dando a devida atenção ao que você fala, estejam concentradas nos desenhos que você reproduz com suas mãos, exemplo: toda vez que falar a palavra grande, faça movimentos abertos com as mãos, partindo de um ponto em que elas estejam juntas e comecem a se afastar como se estivessem esticando algo para aumentar seu tamanho; no caso de falar que está dirigindo, procure reproduzir o movimento feito pelo motorista ao segurar e girar o volante; se for contar uma história onde o personagem pulou, pule também, não se sinta ridículo porque o máximo que vai acontecer é que quando alguém que assistiu a sua palestra estiver contando alguma história sobre alguém que também pulou, ele vai acabar lembrando de sua cena pulando em palco, mas a idéia é exatamente essa, tornar-se um ponto de referência em algo, fazendo com que quem assistiu a sua palestra, lembre-se a qualquer momento daquilo que você fez ou falou. Para que seus gestos sejam bem sucedidos, imagine com coerência o peso, o tamanho e a forma física daquilo que está desenhando no ar e faça os movimentos bem abertos e expressivos para que até mesmo quem estiver ao fundo da plateia possa vê-los. Procure não utilizar movimentos muito curtos para não ocorrer de gerar dúvidas sobre o que está desenhando, principalmente para quem estiver longe e não possuir uma boa visualização de suas mãos.
Algo muito interessante e que pode ser feito, dependendo do tipo de apresentação que esteja sendo realizada, são dinâmicas envolvendo a plateia durante a palestra. Para isso, antes de chamar alguém ao palco, é mais confiável para o sucesso da mesma, identificar em sua plateia as pessoas que são sinestésicas, pois assim você terá uma grande participação do voluntário envolvido e também fará com que os sinestésicos sintam-se participantes diretos e não te percebam como alguém monótono. Se isso não for possível, não se preocupe e lembre-se que eles são muito sentimentais, ou seja, conte uma história bem emocionante para que eles possam ficar o resto do dia refletindo sobre a moral da mesma.
Por fim, utilize todos os recursos que seu corpo lhe permite, mantendo sempre a calma, o tom de voz, a respiração, os pensamentos centrados em seu assunto e os movimentos do corpo em harmonia com sua voz.